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Clique aqui para ver como Erradicar a alga BBA

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 O meu aquário desenvolveu alga BBA* e agora o que faço?

*Black Beard Algae

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Esta é uma pergunta que frequentemente nos colocam na Soluções Aquáticas e para a qual temos resposta, mas nem sempre é fácil passar a mensagem de forma eficiente, pois a origem desta alga é algo complexa e a sua resolução também.

A origem desta alga está de forma geral relacionada com duas situação distintas. A primeira prende-se com oscilações de CO2. Da nossa experiência esta não é usualmente a razão do seu aparecimento mas não custa nada tentar evitar estas oscilações de CO2.

Entenda-se por oscilações de CO2, uma variação brusca da concentração deste gás na água durante o fotoperíodo, as principais causas que levam a este acontecimento são normalmente excesso de aeração à superfície do aquário causada pela saída de água do filtro ondular em excesso fazendo com que todo ou quase todo o CO2 injetado artificialmente na água saia de solução e volte para a atmosfera.

Entenda-se que num aquário plantado com CO2 a renovação do Oxigénio na água não deve ser feita pela aeração da superfície, mas sim pelas plantas durante a fotossíntese, processo que resumidamente transforma CO2 (dióxido de carbono) em O2 (Oxigénio).

Num aquário com CO2 com injeção artificial normalmente através de sistemas pressurizados, estamos a injetar na água uma concentração de CO2 (mais ou menos 30ppm) que à pressão atmosférica não estariam presentes na água, logo se tivermos sempre a agitar a coluna de água este irá escapar para o ar. Um bom exemplo para perceber isto será por exemplo enchermos um copo com uma bebida gaseificada (cerveja, sumos, águas com gás) e se agitarmos o copo com uma colher, todo esse gás irá sair do líquido para o ar por uma questão de entropia.

Outra razão menos usual, mas ainda ligada com possíveis oscilações de dióxido de carbono, será ligar o sistema de CO2 depois de ligarem as luzes ou até mesmo quando se liga tudo ao mesmo tempo, pois neste caso o valor de CO2 irá estar a aumentar progressivamente até chegar ao valor máximo possível no aquário e como as luzes já estão ligadas irão existir oscilações de CO2 durante o fotoperíodo. É por isso que recomendamos sempre ligar o sistema de CO2 1h antes de ligarem as luzes, de forma a poder saturar a água do aquário com CO2 antes das mesmas ligarem, minimizando estas oscilações.

Mas como referi inicialmente este raramente é o caso que origina a BBA nos nossos aquários, na minha opinião o que origina a BBA num aquário plantado é o excesso de lixo orgânico em decomposição e depositado no aquário.

Em aquários “High Tech” ou aquários com um metabolismo rápido, usualmente estamos a falar de aquários com substratos férteis, adição de fertilizantes líquidos, iluminações intensas e sistemas de CO2 pressurizados, todo o ritmo de crescimento nestes sistemas é elevado, e as plantas aquáticas apesar de oxigenarem a água do aquário, o que contribui para o aumento do REDOX que por sua vez ajuda as bactérias nitrificadoras a aumentar a sua taxa de decomposição , estas também acabam por libertar para a água várias substâncias orgânicas que podemos considerar poluentes, como proteínas, carbohidratos e enzimas.

Num aquário com pouca luz e sem CO2, a velocidade de crescimento é lenta, logo o consumo de nutrientes onde o CO2 está incluído também é lento, o que significa um baixo metabolismo e uma baixa taxa de expulsão de resíduos orgânicos, o que permite manter um aquário equilibrado neste aspeto durante mais tempo. Aqui resta-nos gerir bem os restantes fatores de manutenção do nosso aquário, como as trocas de água, limpeza e não alimentar excessivamente os peixes ao ponto de haver restos de comida pelo aquário. Neste tipo de aquários os únicos agentes poluidores vão ser os peixes numa fase inicial e os sub produtos das bactérias nitrificantes.

Pelo contrário, aquários com injeção de CO2 , fertilizantes e luz intensa aumenta o metabolismo das plantas o que leva à excreção de grandes quantidades de carbohidratos, proteínas e enzimas para a coluna de água, além de tudo o resto que já tínhamos num aquário com pouca luz, CO2 e nutrientes.

E aqui começa um problema, se a nossa “cultura” de bactérias for insuficiente e/ou o aquário tiver uma má manutenção a nível de higiene, nomeadamente poucas trocas de água, pouca ou nenhuma limpeza do filtro, não aspirar restos de comida ou excrementos de peixe, juntamente com os subprodutos da fotossíntese das plantas, as proteínas e carbohidratos, vão-se acumular no nosso aquário e as bactérias nitrificantes não vão conseguir acompanhar este ritmo de produção de lixo orgânico...

Vamos acabar por ter um aquário com excesso de orgânicos em decomposição, esta decomposição consome também bastante oxigénio o que poder originar flutuações de amónia (devido à função das bactérias abrandar), e tudo isto junto origina algas BBA entre outras, mas vamos apenas focar-nos na BBA.

Ao contrário das plantas, as algas BBA conseguem alimentar-se de compostos orgânicos presentes na coluna de água, por isso manter plantas saudáveis é meio caminho para ter um aquário sem algas, pois estas produzem  produtos químicos alopáticos que reduzem significativamente o seu crescimento.
Agora quando temos plantas fragilizadas onde as suas estruturas celulares estão danificadas, usualmente são nestes pontos que as BBA aparecem nas plantas, uma zona muito frequente onde isto acontece é nas extremidades das plantas, ou no rebordo pois é uma zona onde facilmente a estrutura celular é danificada e liberta para a água todo o seu conteúdo orgânico e aqui aparece a BBA para se alimentar destes compostos.
Também certamente todos já tivemos BBA na saída de água dos filtros ou Wave Makers pois aqui existe uma constante renovação de lixo orgânico presente na água, daí também se dizer que a BBA aparece quando temos excesso de circulação de água, tecnicamente não é o excesso de circulação da água, mas sim o excesso de lixo orgânico a ser constantemente bombardeado naquela zona.

Também é usual em aquários onde o crescimento das plantas por outros motivos já não ser o melhor e após uma poda começar a aparecer BBA nas zonas onde cortámos as plantas, novamente aqui o que aconteceu foi que a planta não teve capacidade de renovar as estruturas celulares danificadas e acabou por libertar gradualmente para o aquário substâncias orgânicas que a BBA irá utilizar como alimento. Em casos que as plantas estão saudáveis estas rapidamente regeneram e não permitem o crescimento de BBA.

Em suma, as BBA podem alimentar-se de substâncias orgânicas libertadas pelas plantas, e de substâncias orgânicas derivadas do lixo no aquário.


Então o que podemos nós fazer para evitar isto?


ErRADicação!

Remoção,
Absorção 
Decomposição

São os três inimigos da BBA!


- Remoção

Existem coisas que podemos fazer “gratuitamente”, como efetuar trocas de água semanais entre os 30 a 60%. Enquanto trocamos a água tentar ao máximo aspirar o lixo depositado no substrato, hardscape e plantas, desta forma é menos este lixo que será decomposto pelas bactérias.

Outro aspeto essencial é a limpeza do filtro frequente e de forma correta (assunto para outro texto)

Tudo isto é remoção de orgânicos do nosso aquário, e é algo que só depende de nós.

 

- Absorção

No capítulo da absorção felizmente hoje em dia as marcas de aquariofilia têm produtos incríveis que nos podem ajudar a manter durante muitos anos os nossos aquários impecáveis, produtos como o Masterline Purity, Seachem Purigen, Aquavitro Purfiltrum, são resinas que absorvem orgânicos presentes na coluna de água. Recomendamos todos os nossos clientes a utilizar um destes produtos na quantidade adequada para a montagem em causa (contactar a Soluções Aquáticas para recomendação). Aqui vão existir vários fatores que podem aumentar a quantidade destas resinas a ser recomendada, aquários com muitas madeiras vão necessitar de maior quantidade, do que aquários só com pedras, pois a madeira é um orgânico em decomposição lenta.

O que estas resinas vão fazer é estar constantemente a absorver lixo orgânico do vosso aquário que irá ficar retido na resina, por sorte estas resinas dão para regenerar e voltar a utilizar.
Apenas convém ter uma noção de mais ou menos quanto tempo duram para podermos adquirir novas ou regenerar as mesmas antes de ficarem saturadas.

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- Decomposição

E por último, mas não menos importante, temos a decomposição.

Existem na Soluções Aquáticas vários produtos que têm como base bactérias que recomendamos que utilizem frequentemente pelo menos 1 vez por semana após a troca de água, de forma a manter uma boa cultura no vosso aquário capaz de dar resposta à produção de lixo orgânico.

Aqui podemos resumir o assunto em bactérias para o filtro e bactérias para o aquário, isto é uma abordagem muito simples mas nada interessa complicar um assunto que já por si é complicado!

Bactérias para o filtro usualmente estamos a falar de Nitrossomonas e Nitrobacter e possivelmente outras bactérias anaeróbias dependendo do filtro e da filtração biológica que utilizarem.

Existem muitas outras estirpes de bactérias que não vão aparecer no vosso aquário por magia, temos de ser nós a introduzi-las e a manter a colónia viva, estas bactérias têm preferências em vários aspetos.

Nitrossomonas e Nitrobacter: temperatura ideal entre 25ºC e 30ºC, a 18ºC a decomposição é reduzida em 50%, a 4ºC a decomposição pára por completo e a 0ºC toda a colónia morre. Esta informação é útil para durante o inverno termos atenção em não deixar o filtro parado a baixas temperaturas. De forma geral, as Nitrobacter são mais sensíveis a variações de temperatura (atenção a possíveis picos de nitritos).

O pH ideal para as nitrossomonas é entre 7,8 e 8,0 e para as Nitrobacter é entre 7,3 a 7,5. Evitar deixar o pH dos nossos aquários chegar perto de 6,0, pois aqui toda a nitrificação irá parar até as bactérias se habituarem a estes novos parâmetros, apesar de nunca terem o mesmo rendimento do que em situações ideais (atenção a possíveis picos de amónia)

Existem outros tipos de bactérias que não vale a pena estar a aprofundar tanto as suas características que são as bactérias que vão viver no nosso aquário. Por exemplo há estirpes de bactérias que combatem pelo habitat com as cianobactérias, e ao dosearmos este tipo de bactérias estamos ativamente a combater a ciano; assim como outras decompõem nitratos para enxofre no estado gasoso que saem pela coluna de água, etc

 

Usualmente neste caso estamos a falar de bactérias para decompor lixo rapidamente, e novamente aqui temos de as introduzir no nosso aquário e manter a colónia viva e a funcionar, para isto temos de recorrer a produtos como Seachem Pristine, Aquavitro Remediation, Microbe-Lift Gravel Cleaner, Microbe-lift Special Blend, Azoo Bio XD, Azoo Ultra Bioguard.

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Perguntam qual será o melhor e como utilizar? Nós na Soluções Aquáticas gostamos de todos e já testámos todos eles, cabe a cada um de vós testar e verificar qual se adequa melhor à vossa rotina de manutenção.

 

Para finalizar o assunto das BBA, o que devem fazer é manter o aquário limpo através da manutenção de filtros, aquário e trocas de água, utilizar resinas para absorver lixo orgânico na quantidade certa e renovar as mesmas frequentemente, e utilizar pelo menos 1x semana produtos à base de bactérias, de forma a manterem uma colónia das várias estirpes viva e em funcionamento.


Ah! E se quiserem apenas matar a BBA e não resolver o problema que a origina, podem simplesmente utilizar qualquer produto à base de glutaraldeído (carbono líquido) e aplicar diretamente sob a alga, aqui temos o Seachem Excel, Masterline Carbo , APT Fix entre outros!

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Mas lembrem-se: o truque não é utilizar um penso rápido (matar a alga), mas sim atacar na sua origem, porque um aquário limpo e com uma boa colónia de bactérias é sinónimo de menos BBA!

Texto elaborado por Ivo Soares 11/04/2024

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