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Cada texto é baseado na experiência prática da nossa loja e escrito com atenção ao detalhe, garantindo informação clara, útil e fiável. Se procuras compreender melhor o teu aquário e tomar decisões conscientes, este é o lugar certo.

Todos os textos são originais, com conteúdo educativo e atual. Soluções Aquáticas – informação que faz crescer o teu aquário.



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Desnitrificação no Aquascaping: Um Aliado Escondido

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Hoje vamos falar sobre a desnitrificação no contexto do aquascaping — um tema que, até há poucos anos, raramente surgia nas conversas entre aquariofilistas. Isso porque, antigamente, as matérias filtrantes utilizadas não eram eficazes a criar zonas anaeróbias no filtro, fundamentais para o processo de desnitrificação.

 


▸ Mas afinal, o que são zonas anaeróbias?

As zonas anaeróbias são áreas com pouca ou nenhuma presença de oxigénio.
São cruciais para o desenvolvimento de bactérias anaeróbias, que são capazes de consumir nitratos (NO₃⁻) como fonte de energia, convertendo-os em gases menos tóxicos como óxidos de azoto (NO, N₂O) ou azoto molecular (N₂), que se libertam para a atmosfera.
É, portanto, o passo final do ciclo do azoto — e o que pode "fechar o ciclo do lixo" num aquário.


▸ A evolução dos filtros e matérias filtrantes

 

Nos aquários plantados modernos — com substratos ricos como aquasoil, fertilização líquida, injeção de CO₂, iluminação intensa, etc. — a filtração biológica normalmente também é de grande qualidade.

✔ É sinal de que estamos perante um setup de um verdadeiro aficionado, um aquariofilista moderno que gosta de estar na vanguarda do hobby — tal como a Soluções Aquáticas.

 

Atualmente, muitas matérias filtrantes de nova geração, como o MasterLine FilterMAX ou o Seachem Matrix, permitem a colonização simultânea de:

  • ✔ Bactérias aeróbias no exterior do material (onde a água circula mais depressa e rica em oxigénio)

  • ✔ Bactérias anaeróbias no interior dos poros (onde a água entra lentamente por capilaridade, com muito menos oxigénio disponível)

❖ Isto significa que, após alguns meses de funcionamento do aquário, é possível que se formem colónias estáveis de bactérias desnitrificantes dentro da matéria filtrante.


▸ E o que acontece com os nitratos?

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Tradicionalmente, o excesso de nitratos acumulava-se na coluna de água, vindo da decomposição da matéria orgânica (excrementos, restos de comida, plantas em decomposição) ou da sobrefertilização.
Hoje, com este tipo de filtração biológica, muitos aquários conseguem manter níveis de nitrato muito baixos — ✔ não por falta de nutrientes, mas graças à ação direta das bactérias anaeróbias que os eliminam.

▹ E isso é mau?

✘ Pelo contrário! É extremamente positivo. Estas bactérias ajudam-nos a:

  • ✔ Manter a água mais limpa

  • ✔ Reduzir matéria orgânica dissolvida

  • ✔ Controlar com muito mais precisão os níveis de nitrato que realmente queremos no aquário

Deixamos de contar com o que é gerado internamente — que muitas vezes podia desequilibrar o nosso plano de fertilização.

❖ Se queremos níveis baixos para, por exemplo, intensificar os tons vermelhos das plantas — como acontece com as Rotalas — agora conseguimos reduzir os nitratos até perto de zero com muito mais segurança.

Antigamente, era muito mais difícil conseguir plantas vermelhas sem a ação da desnitrificação.
⚠ Havia uma produção constante de nitrato que, mesmo que não acusasse nos testes, estava sempre a alimentar as plantas, impedindo que estas atingissem o stress necessário para mudar de cor.

 


▸ Um aspeto adicional: o tipo de nitrogénio que adicionamos

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Quando fertilizamos o aquário, adicionamos diferentes formas de nitrogénio:

  • • Nitrato (NO₃⁻)

  • • Amónio (NH₄⁺)

  • • Ureia (CO(NH₂)₂), que é convertida em CO₂ e amónio

Sem aprofundar agora esse tema — que ficará para outro artigo — é importante perceber que, no contexto da desnitrificação, o tipo de fertilizante que usamos faz mesmo diferença.

✔ Na minha opinião, é importante escolher um fertilizante que inclua fontes de absorção rápida de nitrogénio pelas plantas, como:

  • • Nitrato de amónio (onde o objetivo é o amónio)

  • • Ureia (que decompõe em amónio e CO2)

Em ambiente com luz intensa e CO₂, as plantas absorvem este nitrogénio rapidamente — antes da conversão bacteriana.
Se não o fizerem, o amónio será convertido em nitrito e depois em nitrato, voltando ao ciclo.


★ Exemplo prático: MasterLine All In One Lean

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✔ Um dos fertilizantes com mais sucesso na Europa e em Portugal na potenciação de cores é o MasterLine All In One Lean.
Este fertilizante tem:

  • 50% do nitrogénio proveniente de amónio (Ureia)

  • 50% de nitrato

Com isso:

  • ✔ Damos às plantas de crescimento rápido uma dose controlada de nitrogénio

  • ✔ Fornecemos nitrato às plantas mais lentas

  • ✔ A dose total é baixa → facilita intensificação das cores

⚠ Esta estratégia não seria possível sem desnitrificação, pois o sistema continuaria a gerar nitrato de forma lenta e constante.


▸ O papel do tamanho do aquário e do caudal do filtro

 

Será este efeito de desnitrificação igual em todos os aquários?

✘ Não. Cada aquário é único.
Mas há um fator comum: o volume do aquário e o caudal do filtro.

  • • Um aquário 60P (60x30x36 cm) → filtro com menor caudal

  • • Um aquário 90P (90x45x45 cm) → filtro mais forte

Na prática: ✔ Desnitrificação tende a ser mais intensa em aquários pequenos com filtros de menor caudal.
⚠ A água passa mais devagar → mais zonas anaeróbias → mais bactérias desnitrificantes

Num filtro potente (ex: 4500 L/h), se a água circular demasiado depressa, o efeito será reduzido.


▸ Como gerar desnitrificação em filtros de alto caudal?

✔ É possível! Basta reorganizar internamente a filtragem para reduzir a velocidade da água.
A ideia é criar múltiplos caminhos e zonas de fluxo lento.

Dicas práticas:

  • Compactar moderadamente as matérias filtrantes

  • Usar granulometrias progressivas, por exemplo:

    1º: Seachem Pond Matrix (maior dimensão)
    2º: Seachem Matrix
    3º: MasterLine FilterMAX
    4º: Seachem DeNitrate (opcional)

✔ Com esta configuração, a água atravessa várias camadas, abranda naturalmente e permite o desenvolvimento de bactérias anaeróbias no interior.


☑ Em resumo, o que ganhamos com isto?

  • ✔ Aquário mais limpo e com menos matéria orgânica

  • ✔ Menor acumulação de nitratos gerados pelo sistema

  • ✔ Maior controlo sobre a fertilização

  • ✔ Melhores cores nas plantas, especialmente os tons vermelhos

  • ✔ Possibilidade real de fechar o ciclo do azoto de forma eficiente e natural


⚠ O que devemos ter em atenção:

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  • ▸ Devemos testar nitratos com mais frequência, mesmo quando fertilizamos, nem sermpre por exemplo o MasterLine All In One Lean poderá ser suficiente a nível de nitrogenio, as vezes é necessário complementar à parte com um fertilizante só de nitratos ou até mesmo mudar de All In One.

  • ▸ As plantas competem com as bactérias pelo nitrogénio disponível

  • ▸ Um excesso de desnitrificação pode causar carência de azoto → crescimento travado, folhas pálidas ou amarelas

​Texto publicado por Ivo Lança Soares 06/04/2025

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Como as Plantas Podem Ser o Verdadeiro Filtro Biológico nos Aquários Plantados

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  "Nitrificação em pH Ácido: Como as Plantas Podem Ser o Verdadeiro Filtro Biológico nos Aquários Plantados"

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Durante muito tempo, foi aceite como regra que a nitrificação — processo essencial do ciclo do azoto nos aquários — não ocorria eficazmente em ambientes ácidos.
No entanto, um estudo publicado por Schramm et al. (1998) e agora mais recentemente "Nitrification in a Biofilm at Low pH Values: Role of In Situ Microenvironments and Acid Tolerance", publicado em 2006 por Armin Gieseke, Sheldon Tarre, Michal Green e Dirk de Beer veio demonstrar que, em certas condições, as bactérias nitrificantes conseguem adaptar-se e manter a sua atividade mesmo em pH tão baixos quanto 5,0.

Curiosamente, muitos de nós, aquariofilistas com experiência em aquários plantados já observavam este fenómeno na prática, mesmo sem a validação científica: os aquários funcionavam, os parâmetros mantinham-se estáveis e os peixes prosperavam, mesmo com pH consideravelmente ácido.

Com base nesta constatação — agora apoiada pela ciência, "quanto baste" — que comecei a questionar algo que sempre me intrigou: será que, em ambientes plantados e com pH ácido, faz mesmo sentido continuarmos a ver as plantas apenas como consumidoras finais de nitrato? Ou não será mais lógico pensarmos nelas como parte ativa da filtragem biológica, sobretudo pela sua capacidade de absorver diretamente o amónio (NH₄⁺), uma fonte de azoto menos tóxica e metabolicamente mais eficiente para as plantas?

E é com base nesta linha de raciocínio, sustentada pelos estudos que partilho no final do texto, que trago hoje esta reflexão. Não pretendo apresentar verdades absolutas até porque neste Hobby poucas devem haver, mas antes lançar uma hipótese para que cada aquariofilista possa ponderar, observar e, se fizer sentido, tirar as suas próprias conclusões. No meu caso, com base na experiência prática nos meus aquários plantados, esta abordagem tem funcionado de forma consistente e surpreendentemente eficaz.

 

Nitrificação em Ambientes Ácidos: Como as Bactérias se Adaptam

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 O QUE É NITRIFICAÇÃO?

A nitrificação é um processo natural onde bactérias transformam amónia (NH₃) em nitrito (NO₂⁻) e depois em nitrato (NO₃⁻), ajudando a manter a água saudável para peixes e plantas.


 O QUE FOI DESCOBERTO?

Um estudo científico demonstrou que biofilmes nitrificantes conseguem funcionar mesmo em águas muito ácidas (com pH por volta de 4), algo que antes se pensava impossível.


COMO ISSO É POSSÍVEL?

Os cientistas testaram duas ideias:

  • Se havia zonas "secretas" dentro do biofilme com pH mais neutro.
  • Se havia bactérias especiais adaptadas a viver em acidez.

 RESULTADOS:

  • Não havia zonas com pH neutro — o ambiente era ácido em todo o biofilme.
  • Foram encontradas bactérias como:
  • Nitrosospira spp.
  • Nitrosomonas oligotropha
  • Nitrospira spp.

 Estas bactérias adaptaram-se ao ambiente ácido com:

  • Alta afinidade por amónia (conseguem aproveitá-la mesmo em concentrações muito baixas)
  • Produção de substâncias protetoras (EPS)
  • Possível uso de transportadores de amónio para captar o que precisam

 

COMO FUNCIONA O EQUILÍBRIO?

  •  As bactérias produzem ácidos ao oxidar a amónia.
  •  O giz (carbonato de cálcio) reage com esses ácidos, ajudando a equilibrar o pH (exemplo utilizado no estudo)
  • Cria-se um estado estável e ácido, mas onde a nitrificação continua a acontecer.

 O QUE ISTO SIGNIFICA PARA A AQUARIOFILIA?

 Mesmo em águas com pH baixo, é possível manter a nitrificação ativa — desde que haja biofilmes saudáveis e tempo para adaptação, algo que já acontece nas nossas "ceramicas" ou materias filtrantes dos nossos filtros

 Apoiar bactérias como Nitrospira spp. e Nitrosospira spp. pode ser essencial em sistemas com pH naturalmente ácido (como biótopos amazónicos), como por exemplo nos dias das TPAS adicionar activadores biologicos de forma a estabilizar novamente a colonia de bacterias na altura onde há mais variação de parametros, durante as trocas de água.

Fonte: Estudo: "Nitrification in a Biofilm at Low pH Values: Role of In Situ Microenvironments and Acid Tolerance"​Journals ASM+2ResearchGate+2PubMed Central+2

  Estudo: "High-Rate Nitrification at Low pH in Suspended- and Attached-Biomass Reactors"

 

 

 

As Plantas Como Filtro Biológico em Aquários Plantados com pH Ácido: Um Novo Olhar Sobre a Nitrificação

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Quando falamos em filtragem biológica nos aquários, é comum pensarmos nas colónias de bactérias que habitam os materiais porosos do filtro, encarregues de transformar os compostos tóxicos do ciclo do azoto — como a amónia — em substâncias menos perigosas como o nitrato. No entanto, em aquários plantados de aquascaping, especialmente aqueles com pH ácido, há um fenómeno interessante que merece a nossa atenção: o papel ativo das plantas como parte fundamental da filtragem biológica.

O Ciclo do Azoto e o Papel das Bactérias

Em condições normais, o ciclo do azoto é movido por dois grupos de bactérias:

  • As Nitrosomonas, que convertem amónia (NH₃) em nitrito (NO₂⁻);
  • As Nitrobacter ou Nitrospira, que convertem nitrito em nitrato (NO₃⁻).

Este processo é sensível ao pH da água. Estudos mostram que em ambientes com pH abaixo de 6,0, a atividade destas bactérias abranda consideravelmente, podendo mesmo parar se o pH atingir valores próximos dos 5,0. Contudo, alguns estudos recentes, incluindo aquele que estamos a analisar, indicam que se a transição para esse pH for gradual e o ambiente se mantiver estável, as bactérias conseguem adaptar-se parcialmente, continuando a nitrificar mesmo em meios ácidos — ainda que a um ritmo muito inferior ao habitual.

Amonía vs Amonio: A Importância do pH

A forma sob a qual a amónia se apresenta na água depende fortemente do pH. Em pH neutro ou alcalino, predomina a forma NH₃ (amónia), altamente tóxica para peixes e invertebrados. Já em pH ácido, o equilíbrio químico favorece a forma NH₄⁺ (amónio), que é consideravelmente menos tóxica.

E aqui entra a questão-chave: as plantas preferem o NH₄⁺ ao NO₃⁻ como fonte de azoto. A assimilação do amónio pelas plantas requer menos energia do que a do nitrato, o que significa que em ambientes com pH ácido, onde a amónia é convertida naturalmente em amónio, as plantas encontram uma fonte de azoto ideal — desde que o equilíbrio do sistema seja respeitado.

O Papel das Plantas em Aquários com pH Ácido

Num aquário de aquascaping com injeção de CO₂, fertilização controlada e pH naturalmente ácido (frequentemente entre 5,5 e 6,2), pode ocorrer o seguinte cenário:

  • A nitrificação abrandada reduz a conversão de amónia em nitrato;
  • O pH ácido converte a amónia em amónio, reduzindo a toxicidade;
  • As plantas absorvem este amónio diretamente, utilizando-o como nutriente;
  • O risco de acumulação de nitrato reduz-se, o que favorece a manutenção de parâmetros mais estáveis para espécies sensíveis.

Ou seja, neste tipo de sistema, as plantas não são apenas consumidoras de nitrato, mas tornam-se filtradoras ativas do amónio, reduzindo a pressão sobre as bactérias nitrificantes e ajudando a manter a qualidade da água de forma eficiente.

 

Uma Nova Perspetiva sobre a Filtragem Biológica

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Este entendimento leva-nos a repensar a forma como olhamos para a filtragem biológica em aquários densamente plantados e com pH ácido. Embora os filtros com cerâmicas e colónias bacterianas continuem a ser importantes, não devem ser o único foco da "ciclagem" neste contexto. As plantas passam a ser parte integrante da estratégia de controlo de compostos nitrogenados — especialmente quando as condições favorecem a permanência do amónio na coluna de água.

É claro que o sistema deve ser cuidadosamente equilibrado: excesso de matéria orgânica, sobrealimentação ou poda incorreta podem levar à acumulação de compostos que nem bactérias nem plantas conseguem processar a tempo. Mas, quando bem montado e mantido, este tipo de aquário representa um ecossistema altamente eficiente e estável.

 

Conclusão

Em aquários plantados com pH ácido, como os de aquascaping com injeção de CO₂, faz cada vez mais sentido olhar para as plantas como um componente essencial da filtragem biológica. Ao compreender melhor os efeitos do pH na nitrificação e a preferência das plantas pelo amónio, podemos otimizar o funcionamento natural do aquário, reduzir o stress sobre a fauna e alcançar um equilíbrio ecológico mais inteligente.

 

 

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Publicação feita por Ivo Lança Soares 03/04/2025

Fontes: 

 Equilíbrio entre Amónia e Amónio Dependente do pH:

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