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Soluções Aquáticas – Na vanguarda do aquascaping.
A maioria dos aquariofilistas associa a película oleosa (biofilme) ou o aparecimento de algas ao excesso de nutrientes ou desequilíbrios nos níveis de CO₂. Mas será que é mesmo assim tão simples?
Neste artigo vamos tentar descomplicar uma questão complexa: o metabolismo das plantas, o papel do carbono, os resíduos orgânicos e porque é que as trocas de água são vitais num aquário plantado moderno “High Tech”.
Ao aumentarmos a injeção de CO₂ num aquário, aceleramos o metabolismo das plantas. Elas crescem mais depressa, fazem mais fotossíntese e produzem mais substâncias úteis para o seu crescimento. Mas isso também significa mais produção de resíduos metabólicos — como açúcares, proteínas e compostos orgânicos que criam o biofilme à superfície.
Estes compostos e resíduos são frequentemente libertados na coluna de água, especialmente quando a planta está sob stress ou sem acesso equilibrado aos restantes nutrientes.
Como explicado anteriormente em outra publicação deste blog, as plantas funcionam também como filtros biológicos. Elas não armazenam resíduos como "lixo". Reaproveitam compostos úteis — como o amónio (NH₃/NH₄⁺), que é tóxico, mas pode ser transformado em proteínas. No entanto, esse processo depende da disponibilidade de carbono.
Muitos dos fertilizantes utilizados em aquários High Tech contém uma ou várias fontes de amónio, daí estes fertilizantes serem feitos especificamente para aquários com CO2 e luz intensa muitas vezes chamados por nós High Tech.
Se houver carência de carbono (CO₂), a planta não consegue converter o amónio, que se acumula e se torna prejudicial. Outros compostos que são demasiado caros para transformar são simplesmente expulsos para a água. Estas substâncias alimentam bactérias, fungos e algas — e é aqui que os problemas começam.
Num sistema high tech, com luz intensa, CO₂ injetado e fertilização regular, as plantas operam num regime de alta performance. Isso significa:
- Produção acelerada de proteínas e açúcares
- Libertação constante de resíduos orgânicos
- Acumulação de compostos que demoram dias a decompor
Este ciclo pode resultar num ambiente tóxico para as plantas e propício ao desenvolvimento de algas — mesmo que os níveis de fertilizantes estejam sob controlo, se o ecosistema não conseguir lidar com a produção destes sub produtos. É bastante usual termos uma montagem High Tech que ao final de alguns meses onde até então tudo estava perfeito e sem algas começarmos a ter sem motivo aparente um aparecimento de vários tipos de algas e até mais biofilm do que o normal à superficie, nestes casos muito possívelmente o aquário atingiu o seu limite no processamento desdes resíduos orgânicos, e está na altura de entrarmos em acção ou com trocas de água mais frequentes ou com adição de bactérias para decompor lixo e resinas para absorção.
Muitos aquariofilistas focam-se apenas nos níveis de nitratos, fosfatos ou ferro etc etc. Mas ignoram os resíduos orgânicos dissolvidos que:
- Criam biofilmes na superfície.
- Turvam a água.
- Desencadeiam surtos de algas.
- Afetam a saúde das plantas e dos peixes.
O problema raramente está no excesso de nutrientes — está sim no acúmulo de substâncias orgânicas não aproveitadas.
Nos aquários sem CO₂ e com luz moderada:
- As plantas produzem menos resíduos
- Os microrganismos conseguem decompor tudo ao seu ritmo
- A absorção de nutrientes é lenta e eficiente
- A estabilidade é mais fácil de manter
Em aquários high tech, a produção de resíduos por vezes ultrapassa a capacidade de processamento do ecossistema. Por isso, é fundamental usar:
- Resinas como MasterLine Purity ou Seachem Purigen
- Bactérias como Aquavitro Remediation, Seachem Pristine ou Azoo Bio XD
Nestes casos também é boa recomendação simplesmente reduzir o principal fator de metabolismo do nosso aquário, a intensidade da luz.
As TPAs não servem apenas para fazer reset aos níveis de fertilizantes. Elas são essenciais para:
- Remover proteínas, aminoácidos e gorduras dissolvidas
- Reduzir a carga de matéria orgânica antes que esta se decomponha
- Evitar oscilações de oxigénio e picos de amónia
- Prevenir surtos de algas e doenças
Especialmente em tanques com forte iluminação e CO₂ injetado, as mudanças de água devem ser regulares e generosas.
- O verdadeiro vilão é muitas vezes a acumulação de resíduos orgânicos invisíveis, não os nutrientes.
- As plantas expulsam compostos complexos quando o metabolismo está alto.
- A decomposição desses compostos é lenta e pode causar problemas com algas.
- Trocas de água, resinas e bactérias são essenciais para manter um sistema High Tech.
- Cada aquário é único — a biomassa, intensidade de luz e eficiência de absorção variam.
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Por Ivo Soares 19/04/2025