Loja de Aquariofilia e de Aquascaping
No mundo do aquascaping e dos aquários plantados, a iluminação desempenha um papel fundamental. No entanto, quando vamos avaliar a qualidade de uma calha de LED apenas com base nos lúmens ou na potência consumida pode ser extremamente enganador. Este artigo explora os aspetos de um ponto de vista mais científico da iluminação LED, esclarecendo o que realmente importa para o crescimento saudável das nossas plantas em contexto de aquascaping.
Muitas calhas de LED indicam como principal especificação ou ponto de venda o valor em lúmens, ou seja, a quantidade de luz visível ao olho humano. Mas aqui está o problema: O olho humano é mais sensível à luz verde, precisamente aquela que as plantas mais refletem (e por isso as vemos verdes). Tecnicamente, podemos dizer que as plantas e os objetos não têm cor: refletem "cor". Ou seja, uma luz com alto valor de lúmens pode ter muita radiação na zona dos verdes e pouca na zona dos vermelhos/azuis — sendo, paradoxalmente, menos eficaz para a fotossíntese do que uma luz com menos lúmens, mas melhor espectro (mais radiação na zona dos picos da clorofila).
As plantas aquáticas utilizam principalmente dois espectros de luz:
Azul (~450 nm): estimula o crescimento vegetativo, compacto e robusto
Vermelho (~660 nm): essencial para processos metabólicos e desenvolvimento geral
Se recordarem na época das lâmpadas T5 e T8 havia algumas lâmpadas como as Growlux da Sylvania que eram aos nossos olhos “rosa”. Isto acontece porque eram lâmpadas que emitiam radiação na zona dos vermelhos e azuis, precisamente as zonas mais importantes para a fotossíntese (PUR), e o cérebro humano ao receber radiação azul e vermelha ao mesmo tempo "inventa" uma cor intermédia para compensar a ausência do verde — e o resultado é a percepção de rosa ou magenta. Este fenómeno é chamado de ilusão psicovisual: não estamos a ver uma cor que está efetivamente presente no espectro, mas sim uma interpretação do cérebro da mistura de radiações opostas.
Existem também pigmentos secundários (como carotenoides e ficobilinas) que permitem algum aproveitamento de outras zonas do espectro, mas o verde continua a ser a zona menos eficiente e ao mesmo tempo a zona que mais importa para a contagem de lúmens... Muitas calhas modernas são W-RGB (White, Red, Green, Blue).
A presença de canais RGB permite:
Melhor reprodução de cores visuais
Possibilidade de ajustar o espectro útil para a planta (PAR/PUR)
Nota importante:
PAR (Photosynthetically Active Radiation) indica a quantidade de luz entre 400–700 nm.
PUR (Photosynthetically Usable Radiation) foca-se na parte do espectro que a planta realmente usa com eficiência – o que realmente importa.
Corresponde às zonas onde os pigmentos principais da fotossíntese absorvem luz com mais eficiência:
Pigmento |
Ponto de absorção principal |
Zona PUR |
Cor da luz |
Função |
---|---|---|---|---|
Clorofila B |
~445–455 nm |
Azul (~430–480 nm) |
Azul |
Crescimento vegetativo |
Clorofila A |
~660–665 nm |
Vermelho (~640–680 nm) |
Vermelho |
Ativação da fotossíntese e transporte de eletrões |
Esses dois picos (azul e vermelho) formam o núcleo do PUR, ou seja, a parte do PAR mais eficientemente usada pelas plantas.
Estes pigmentos absorvem luz noutras zonas do PAR, de forma menos eficiente, mas ainda contribuem para a fotossíntese, especialmente em certas espécies:
Pigmento |
Zona de absorção |
Zona no gráfico |
Contribuição |
---|---|---|---|
Carotenoides |
480–550 nm |
Verde-amarelo |
Proteção contra excesso de luz e fotossíntese auxiliar |
Ficobilinas |
500–630 nm |
Verde-laranja |
Mais comuns em algas e cianobactérias |
A zona central do PAR (~500–620 nm), dominada por luz verde e amarelo-laranja, é onde a absorção é mais baixa, mas não é nula graças aos pigmentos acessórios.
Uma calha com mais lúmens pode ter um espectro menos útil para as plantas.
Potência em watts também é enganadora. Dois LEDs de 30W podem ter eficiências completamente diferentes:
LED de alta qualidade converte mais energia elétrica em luz útil
LED barato pode desperdiçar energia em calor e luz não útil
Exemplo prático: Uma calha de 30W com LEDs eficientes e bem distribuídos pode produzir mais PAR do que uma de 50W mal projetada.
Infelizmente, nem todos os fabricantes fornecem gráficos de espectro ou medições de PAR/PUR. Neste caso, temos três opções:
Confiar na experiência prática com o modelo, e aqui na Soluções Aquáticas gostamos sempre de testar todas as iluminações que vendemos e esta é a razão pela qual só trabalhamos com Twinstar e somos uma das lojas Flagship Store da marca.
Procurar reviews com medições reais. Existe pela internet bastantes vídeos de medições amadoras de várias iluminações relativamente ao PAR e PUR.
Analisar o espectro, se disponível, especialmente se o gráfico mostrar picos nas zonas azul e vermelha.
Hoje em dia, muitas calhas LED permitem o controlo individual dos canais via app ou controlador:
Aumentar ou diminuir intensidade do azul, vermelho, branco, etc.
Ajustar a curva de intensidade ao longo do dia
O problema é: o olho humano não é capaz de avaliar a intensidade de cada canal de forma correta para as plantas do nosso aquário.
Mais ainda: Ao diminuir a intensidade de um canal, estás a reduzir a corrente e tensão dos LEDs. Isso altera a forma como os LEDs emitem luz — afetando o espectro original que o fabricante idealizou e alterando por completo toda a informação que está descrita na embalagem.
Resultado:
A calha deixa de trabalhar na sua zona ideal de eficiência
Perdes PAR/PUR
A reprodução cromática (CRI) e a temperatura de cor (Kelvin) também são alteradas
O cliente tem agora nas mãos a responsabilidade de tentar calibrar a calha de forma a obter um bom crescimento das plantas, sem algas, e com uma coloração natural
No entanto, se o cliente for um aquariofilista experiente que realmente tenha gosto em manipular todas estas opções, de forma a tentar tirar o maior rendimento possível, então poderá ser uma boa opção este tipo de produtos, pois realmente permitem manipular bastante o crescimento e coloração das plantas.
Neste caso, na Soluções Aquáticas, tentamos sempre ter o poder do conhecimento da nossa parte para conseguir adequar a melhor configuração a cada aquário.
Alguns fabricantes desenvolvem as suas calhas com testes intensivos:
Combinam LEDs de forma a garantir espectro ideal para fotossíntese
Mantêm uma temperatura de cor natural (ex: 6.500–9.000K)
Alcançam um alto CRI (Color Rendering Index), mostrando cores reais dos peixes e plantas, ou seja, os diferentes tons de cada cor, e não apenas um só tom para cada cor.
Nesses casos, o utilizador não precisa manipular os canais RGB — a luz já vem pronta para oferecer o melhor desempenho, apenas terá de adequar as horas de luz e intensidade.
Quando procuras uma luz para aquário plantado, não te deixes enganar por:
Lúmens (luz “visível”, mas não “utilizável”)
Watts (potência, mas não eficiência)
Aparência estética da luz
Procura:
Espectro com picos nos azuis e vermelhos
Informação sobre PAR e PUR
Calhas com eficiência comprovada
Produtos pensados para aquário plantado, não apenas “luz bonita”
Feedback ou opiniões reais. No nosso caso, temos o nosso Showroom na loja que fala por nós
Na Soluções Aquáticas testamos equipamentos em ambiente real e com conhecimento técnico. Se procuras uma calha LED que realmente faça a diferença no teu layout plantado, fala connosco. Podemos aconselhar-te com base na ciência e na prática.
Contacta-nos pelo WhatsApp ou visita a loja física. Temos luzes WRGB, full spectrum e soluções para todos os níveis de aquascaping.
Publicado por Ivo Soares 04/04/2025