Loja de Aquariofilia e de Aquascaping
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O blog da Soluções Aquáticas é um espaço dedicado à partilha de conhecimento sobre aquariofilia e aquascaping. Aqui encontras artigos aprofundados, explicações acessíveis e conteúdo técnico sobre parâmetros da água, comportamento de espécies, plantas aquáticas, fertilização, CO₂, KH, pH, montagem de aquários e muito mais.
Cada texto é baseado na experiência prática da nossa loja e escrito com atenção ao detalhe, garantindo informação clara, útil e fiável. Se procuras compreender melhor o teu aquário e tomar decisões conscientes, este é o lugar certo.
Todos os textos são originais, com conteúdo educativo e atual. Soluções Aquáticas – informação que faz crescer o teu aquário.
Ao longo da série, falámos sobre macronutrientes como nitrato, fosfato, potássio, e sobre os micronutrientes mais comuns como ferro e manganês. Mas há dois elementos que não se encaixam tão facilmente numa categoria ou noutra: cálcio (Ca) e magnésio (Mg).
Ambos são fundamentais para o metabolismo das plantas, mas estão muitas vezes escondidos sob o valor de GH (dureza geral), o que complica um pouco a sua leitura e gestão.
O GH (General Hardness) mede a concentração total de sais de cálcio e magnésio dissolvidos na água. O problema é que não nos diz o rácio entre os dois, o que é crucial.
Por exemplo: podes ter um GH de 4 dGH com 90% de cálcio e 10% de magnésio, ou exatamente o oposto. Em ambos os casos, o teste dá o mesmo valor, mas as plantas podem estar em carência de um ou de outro.
O cálcio atua principalmente:
No desenvolvimento das paredes celulares,
Na transmissão de sinais entre células,
E como estabilizador estrutural das plantas.
É relativamente fácil encontrá-lo na água da torneira, especialmente em Portugal. A não ser que uses água 100% de osmose reversa, é raro precisares de suplementar cálcio.
O magnésio, por outro lado, é muitas vezes negligenciado, mas é absolutamente vital. Ele:
É o átomo central da clorofila (sem ele, não há fotossíntese),
Atua na formação e transporte de ATP (energia celular),
Participa na ativação de enzimas e regulação osmótica.
Uma planta com carência de magnésio produz menos clorofila e tem menor capacidade de aproveitar a luz.
Folhas com amarelecimento entre os veios (interveinal),
Sintomas visíveis nas folhas mais velhas (nutriente móvel),
Em casos graves, crescimento atrofiado.
Muitas águas da rede pública em Portugal já contêm bastante cálcio. No entanto, o magnésio nem sempre está presente em quantidade suficiente.
Um GH alto não significa equilíbrio entre Ca e Mg.
Por exemplo, no Barreiro, os níveis de cálcio são elevados, mas o magnésio é bastante reduzido — o que pode levar a carências disfarçadas, especialmente em aquários exigentes.
Idealmente, o rácio entre cálcio e magnésio deve ser algo próximo de 4:1 (Ca:Mg). Para setups mais exigentes, ou se usas água de osmose, podes:
Usar remineralizadores com proporções equilibradas (GH Boosters),
Suplementar magnésio isoladamente com sulfato de magnésio (MgSO₄).
Valores de referência semanais (via fertilização ou água de base):
Cálcio (Ca): 10 a 40 ppm
Magnésio (Mg): 2 a 10 ppm
O GH sozinho não revela tudo — é necessário entender a proporção entre cálcio e magnésio.
O cálcio estabiliza a planta, mas o magnésio permite-lhe crescer.
Carências de magnésio são mais comuns do que se pensa, especialmente em águas desequilibradas ou purificadas.
Em aquários high-tech, garantir níveis adequados de Mg é essencial para manter folhas verdes e fotossíntese eficiente.
Depois de explorarmos os macronutrientes — os blocos fundamentais para o crescimento das plantas — entramos agora no mundo dos micronutrientes, também chamados de oligoelementos.
Apesar de necessários em quantidades muito pequenas, estes elementos são essenciais para a saúde e metabolismo das plantas. Um défice, mesmo que leve, pode comprometer o crescimento, a cor e até a resistência das plantas.
São nutrientes que as plantas necessitam em doses minúsculas, mas que têm funções críticas em processos como:
Ativação de enzimas,
Produção de clorofila,
Transporte de energia,
Divisão e alongamento celular.
Os principais micro nutrientes usados na fertilização líquida são:
Ferro (Fe)
Manganês (Mn)
Boro (B)
Zinco (Zn)
Molibdénio (Mo)
Cobre (Cu)
(Às vezes) Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) — que abordaremos à parte.
O ferro é de longe o micro nutriente que as plantas mais consomem. É essencial para:
Produção de clorofila,
Transporte de eletrões na fotossíntese,
Respiração celular.
Uma planta precisa de até 500 vezes mais nitrato do que ferro, mas ainda assim, o ferro é o micro nutriente mais consumido de todos.
Folhas novas amareladas com veios ainda verdes (clorose).
Cor pálida nas partes jovens da planta.
Crescimento atrofiado, especialmente em plantas de caule.
Isto acontece porque o ferro não é móvel dentro da planta — ou seja, se não houver ferro suficiente na água, as folhas novas não conseguem recebê-lo das folhas velhas.
Os micro nutrientes, especialmente o ferro, reagem facilmente com outros compostos na água. Por isso, precisam de estar "protegidos" por agentes quelantes, que evitam que o nutriente reaja antes de ser absorvido pela planta.
Os mais usados são:
EDTA – mais comum e barato; eficaz até pH 7.5-8.
DTPA, EDDHA, HEEDTA – mais estáveis em pH alcalino, mas também mais caros.
Se ao aplicares fertilizante de micros a água ficar esbranquiçada por uns segundos, isso é uma reação química (por exemplo, ferro a reagir com fosfato), que pode diminuir a biodisponibilidade de ambos.
Devido à sua instabilidade, é recomendado aplicar os micro nutrientes:
Logo no início do fotoperíodo, para que as plantas os absorvam rapidamente;
Separadamente dos macros, especialmente do fósforo, para evitar reações indesejadas.
O manganês (Mn) trabalha em conjunto com o ferro na produção de clorofila e na fotossíntese. Os sintomas de carência são semelhantes aos do ferro, mas a clorose tende a ser mais difusa, sem os veios verdes bem definidos.
A maioria dos restantes micronutrientes está presente na água da rede em concentrações mínimas, mas suficientes — especialmente em Portugal. No entanto, para setups high-tech ou águas muito purificadas, a adição de um fertilizante de micro nutrientes completo é essencial.
Os micro nutrientes são como vitaminas: precisos em pouca quantidade, mas absolutamente essenciais.
O ferro é o mais importante e também o mais sujeito a carências e reações na água.
Usar agentes quelantes ajuda a proteger os nutrientes até serem absorvidos.
A ordem, o momento e a frequência da fertilização fazem diferença.
Fósforo: O Combustível das Células Vegetais
O fósforo é muitas vezes injustamente acusado de ser o vilão dos aquários plantados. Muita gente ainda associa os fosfatos (PO₄³⁻) a surtos de algas, levando à sua total exclusão da fertilização - o que é um erro grave.
Neste artigo vamos esclarecer o papel do fósforo, a sua importância biológica, e porque é um nutriente indispensável para plantas saudáveis e aquários equilibrados.
O fósforo está presente na forma de fosfato (PO₄³⁻) e participa em múltiplos processos essenciais:
Criação da molécula ATP (trifosfato de adenosina), que é a principal fonte de energia celular.
Fotossíntese - sem fósforo, a enzima Rubisco (fundamental para a captação de CO₂) não se forma.
Crescimento celular, desenvolvimento das raízes e diferenciação de tecidos.
Influencia positivamente a coloração das plantas, especialmente as vermelhas.
Resumindo: sem fósforo, não há energia para crescer.
Este é um dos maiores mitos da aquariofilia.
A verdade? O que causa algas é, na maior parte dos casos, falta de nutrientes em desequilíbrio com excesso de luz ou má qualidade da água (sobrecarga orgânica, picos de amónia, etc.).
Os fosfatos inorgânicos dos fertilizantes não são tóxicos, nem causam algas, desde que usados de forma equilibrada. O problema está nos fosfatos orgânicos, derivados de matéria em decomposição (excesso de comida, peixe morto, etc.).
Podes ter 5 ppm de fosfato de fertilizante e o aquário estar saudável. Mas podes ter 2 ppm de fosfato orgânico e o aquário estar à beira de um surto de algas e doenças.
O fósforo tem carga negativa (PO₄³⁻), o que o torna muito reativo. No aquário, ele pode combinar-se com elementos de carga positiva, como o ferro (Fe³⁺), formando compostos como o fosfato ferroso, que deixam ambos os nutrientes indisponíveis para absorção pelas plantas.
É por isso que bons níveis de fosfato são importantes: se forem demasiado baixos, qualquer reação química pode esgotar o fósforo disponível.
A maioria dos fertilizantes macronutrientes já inclui PO₄³⁻, ou podes encontrá-lo isoladamente.
Valores de referência semanais recomendados:
0.7 a 5 ppm de PO₄³⁻ por semana (dependendo do consumo do aquário).
Se usares o método Estimative Index, irás trabalhar com valores mais altos, porque o foco é garantir ausência de carência.
Crescimento lento e atrofiado,
Coloração pálida ou arroxeada nas folhas (em algumas espécies),
Manchas escuras ou necrose nas folhas adultas.
Devido à sua capacidade de reagir com o ferro, é melhor fertilizar fósforo e micronutrientes (ex: ferro) em horários diferentes — por exemplo, um no início do fotoperíodo e outro à tarde.
O fósforo é essencial para a produção de energia (ATP) e para o funcionamento celular.
Fosfatos inorgânicos não causam algas — a sua ausência sim, pode causar problemas.
É um nutriente muito reativo, especialmente com ferro, o que exige planeamento na fertilização.
Carências de fósforo comprometem totalmente o crescimento e a fotossíntese.
Potássio: O “Estafeta” Silencioso das Plantas Aquáticas
Ao contrário do nitrogénio e do fósforo, o potássio raramente está no centro das atenções - talvez por não causar problemas óbvios de imediato. Mas subestimar o potássio é um erro que pode comprometer a saúde e a estética de um aquário plantado.
Hoje vamos perceber porque é que este nutriente é tão importante, quais os sinais de carência e como garantir uma fertilização equilibrada.
O potássio é como um sistema de logística interno da planta. Ele:
Ativa enzimas essenciais ao metabolismo,
Regula o equilíbrio osmótico (entrada e saída de água nas células),
Facilita o transporte de nutrientes, especialmente aqueles com carga negativa (como nitratos e fosfatos).
Além disso, como é um ião com carga positiva (K⁺), a planta consegue armazená-lo facilmente em grandes quantidades, sem riscos de toxicidade. Por isso, o potássio é considerado um dos nutrientes mais móveis dentro da planta — ela consegue deslocá-lo para onde faz mais falta.
É comum que aquarios plantados fiquem com níveis baixos de potássio, sobretudo se:
Não se usa fertilização “All-in-One” que o inclua,
Se tem um aquário high-tech, com muita luz e CO₂, onde o metabolismo das plantas é mais acelerado,
Se o setup for exigente com espécies como a Hygrophila pinnatifida, que apresenta sintomas rapidamente quando o potássio está em falta.
Os sintomas aparecem normalmente nas folhas mais velhas, porque a planta desloca o potássio para as novas folhas. Podes observar:
Pequenos orifícios nas folhas, muitas vezes com bordas escuras;
Pontas amarelas ou descoloridas;
Em casos mais graves, necrose localizada.
É fácil confundir esta carência com problemas de nitrato ou até de ferro - mas a distribuição e localização dos sintomas ajuda a distinguir.
Se estás a usar fertilizantes separados, certifica-te de que estás a fornecer potássio de forma regular. É comum encontrar fertilizantes com siglas como:
K (potássio isolado)
NPK (macro completo, que inclui K)
All-in-One (onde o potássio costuma estar incluído)
Valores de referência para potássio (K⁺):
10 a 40 ppm semanais (dependendo da intensidade de luz, tipo de plantas e ritmo de crescimento).
Mais uma vez, lembra-te que a fertilização ideal não é sobre excesso — é sobre evitar carências. O potássio, tal como os outros macros, tem de estar presente todos os dias em quantidades suficientes para manter o crescimento estável.
Se quiseres manter uma taxa de crescimento mais controlada (como em aquascaping de manutenção), deves ajustar a dose para que não haja sobras excessivas na coluna de água, mas também não haja bloqueios de crescimento.
O potássio é essencial para transporte interno, regulação osmótica e ativação enzimática.
É muito móvel dentro da planta, e fácil de armazenar.
Carências são comuns, especialmente em setups exigentes ou fertilizações incompletas.
Evita carências, ajustando a fertilização com base no setup e no comportamento das plantas.
Nitrogénio: A Base da Cor e do Crescimento nas Plantas Aquáticas
Se o CO₂ é o motor do crescimento, o nitrogénio é o combustível. É um dos nutrientes mais importantes no aquário plantado, e também um dos mais mal compreendidos.
Neste artigo, vamos esclarecer tudo: formas de nitrogénio, diferenças entre fontes orgânicas e inorgânicas, como e quando fertilizar, e sobretudo, porque não deves ter medo dos nitratos.
O nitrogénio está presente na:
Clorofila, o pigmento que capta a luz para a fotossíntese.
Proteínas, essenciais para todas as funções metabólicas.
ADN e RNA, que controlam o crescimento celular.
Sem nitrogénio suficiente, as plantas perdem cor, deixam de crescer e tornam-se mais vulneráveis a algas e doenças. Mas a forma como o fornecemos faz toda a diferença.
Nitrato (NO₃⁻) – a forma mais segura e estável.
Amónio (NH₄⁺) – muito eficiente, mas com mais riscos.
Ureia – menos comum, mas pode existir em fertilizantes avançados.
Nos aquários plantados, o nitrato é geralmente fornecido por fertilizantes. Sendo um composto inorgânico e estável, é praticamente não tóxico para a fauna — mesmo em concentrações relativamente elevadas.
“Mas e se o meu teste der 40 ou 50 ppm? Não é perigoso?”
Não necessariamente.
O que importa é a origem desses nitratos.
Nitratos inorgânicos (de fertilizantes): seguros, limpos, sem efeito negativo direto.
Nitratos orgânicos (de matéria em decomposição): sinal de má qualidade da água e possível presença de amónia/nitritos.
É por isso que os valores dos testes não contam toda a história. Um aquário limpo com 40 ppm de nitrato pode estar perfeitamente saudável. Um aquário sujo com o mesmo valor, pode ser um desastre.
O NH₄⁺ é a forma preferida de nitrogénio para as plantas — é absorvido de imediato, e mais eficiente metabolicamente. Mas existe um problema: se o pH subir, o amónio pode transformar-se em amónia (NH₃), que é extremamente tóxica.
Por isso, o uso de fertilizantes com amónio só é recomendado em setups com pH ácido (< 7.0), bem estáveis e com consumo elevado (ex: high tech).
Pequenas doses de amónio, entre 0.1 e 0.3 ppm por dia, são seguras em aquários densamente plantados com boa circulação e CO₂. É como dar um Red Bull às plantas — um boost imediato.
Para aquários high tech:
Fertilizantes com nitrato + amónio + (eventualmente) ureia são ideais para crescimento acelerado e colorações intensas.
Para aquários low tech:
Foca-te em fertilizantes que só contenham nitrato como fonte de nitrogénio, pela segurança e estabilidade.
Folhas amareladas (normalmente nas mais velhas).
Crescimento lento ou travado.
Plantas de caule a perderem intensidade na coloração.
Atenção: em carência de nitrogénio, a planta transporta nutrientes das folhas velhas para as novas, daí os sintomas aparecerem primeiro nas folhas mais antigas (ao contrário, por exemplo, do ferro).
Errado, se estamos a falar de nitratos inorgânicos provenientes de fertilização.
O que mata peixes é:
A decomposição orgânica excessiva (peixe morto, excesso de comida).
A acumulação de amónia e nitritos, que são intermediários do ciclo do azoto.
Falta de manutenção e TPAs.
Os nitratos, por si, são o produto final desse ciclo — e quando vêm de fertilizantes, não representam risco real.
O nitrogénio é essencial para cor, crescimento e metabolismo.
Nitrato é seguro e deve ser a base da fertilização em aquários normais.
Amónio é poderoso, mas deve ser usado com critério.
Testes nem sempre contam a história completa: observa as plantas!
Nunca confundas nitratos de fertilização com sujidade orgânica.
Tudo Sobre CO₂: O Nutriente Mais Vital para as Plantas Aquáticas
Quando falamos de fertilização em aquários plantados, muita gente pensa logo em nitratos, fosfatos ou potássio. Mas se há um nutriente absolutamente indispensável — que nenhuma planta consegue ignorar — é o carbono. E a principal fonte de carbono num aquário é o dióxido de carbono (CO₂).
O carbono é literalmente o esqueleto das plantas. Cerca de 40 a 45% da composição de qualquer planta é carbono. Este elemento entra na planta na forma de CO₂, e é a base para a produção de:
Enzimas,
Proteínas,
Hidratos de carbono,
E estruturas celulares em geral.
Sem CO₂ disponível, nenhum outro nutriente vai conseguir ser eficaz. A planta entra em modo de sobrevivência, e o crescimento trava por completo.
A absorção de CO₂ ocorre pelas folhas, através da água da coluna, com a ajuda da enzima Rubisco. Esta enzima é produzida pelas plantas em maior ou menor quantidade, consoante a disponibilidade de CO₂ no ambiente.
Em aquários sem CO₂ pressurizado, com apenas aeração natural (~3 ppm), as plantas produzem mais Rubisco para compensar a escassez.
Em aquários com CO₂ pressurizado (~30 ppm), ao longo do tempo as plantas reduzem a produção de Rubisco, porque já não precisam ser tão eficientes.
O que significa isto na prática?
Se adicionares CO₂ pressurizado num aquário que já está maturado sem CO₂, as plantas vão crescer brutalmente nas primeiras semanas — porque ainda têm alta produção de Rubisco e de repente passam a ter muito mais CO₂ disponível.
Mas se não acompanhares a evolução (ajustando o CO₂ e a fertilização), essa eficiência vai cair com o tempo e podem surgir problemas.
Produtos à base de carbono líquido, como glutaraldeído ou formas de carbono orgânico, têm de ser convertidos em CO₂ pela planta ou pelo ecossistema. Servem como complemento, mas não substituem um sistema de CO₂ pressurizado em montagens exigentes.
Algumas plantas conseguem retirar carbono do bicarbonato presente na água (KH). Um exemplo clássico é a Vallisneria.
No entanto, este processo é extremamente exigente energeticamente e só é usado como último recurso. Sempre que uma planta recorre a este mecanismo, não está saudável — está a lutar para sobreviver.
Muitos aquascapers montam sistemas com bom CO₂ pressurizado, mas esquecem-se que:
As plantas adaptam-se e tornam-se menos eficientes ao longo do tempo;
A massa vegetal aumenta, exigindo mais CO₂;
A circulação deficiente impede que o CO₂ chegue a todas as folhas;
A falta de TPA ou acumulação de matéria orgânica afeta a eficiência da difusão de CO₂.
Resultado: o crescimento estagna, aparecem algas e a frustração instala-se.
Aponta para 25 a 35 ppm de CO₂ dissolvido.
Garante boa circulação para distribuir o gás.
Observa as plantas: crescimento lento ou deformações são sinais de carência.
Ajusta o fluxo conforme a densidade vegetal aumenta.
Se tiveres um drop checker, verifica a cor durante o fotoperíodo (verde-limão = ideal).
O CO₂ é o primeiro e mais importante nutriente para as plantas aquáticas.
Plantas sem CO₂ tornam-se eficientes na sua captação, mas crescem devagar.
Sistemas com CO₂ precisam de ajuste contínuo para manter bons resultados.
Carbono líquido é um suplemento, não um substituto total.
A circulação de água e a maturação da planta afetam diretamente a absorção de CO₂.
O que as Plantas Aquáticas Realmente Precisam?
Depois de compreendermos que a fertilização líquida não é um bicho de sete cabeças, está na hora de dar um passo essencial: entender o que é que as plantas aquáticas realmente precisam para crescer saudáveis.
Este é o verdadeiro ponto de partida para qualquer plano de fertilização bem-sucedido. Não interessa a marca do fertilizante ou o método que usas se não sabes o que estás a fornecer às tuas plantas — e porquê.
Os nutrientes essenciais dividem-se em dois grandes grupos:
Macronutrientes: nutrientes que as plantas precisam em maior quantidade, e que têm um impacto direto e visível no crescimento.
Micronutrientes: nutrientes que as plantas precisam em quantidades mínimas, mas que são igualmente vitais para o funcionamento interno das células.
No mundo dos aquários plantados, consideramos três como os principais:
Nitrogénio (N) – normalmente introduzido como nitrato (NO₃⁻), é vital para a produção de clorofila, proteínas, ADN e RNA.
Fósforo (P) – normalmente introduzido como fosfato (PO₄³⁻), está ligado à produção de energia (ATP) e desenvolvimento celular.
Potássio (K) – fundamental para o transporte interno de nutrientes, equilíbrio osmótico e ativação de enzimas.
Mas há um quarto elemento, que não é normalmente listado como “macro” e que, para mim, devia ser o número 1...
Mais de 40% da massa de uma planta é carbono. Sem ele, não há crescimento possível. E nos aquários, a principal fonte de carbono é o dióxido de carbono (CO₂).
Este pode ser introduzido:
Na forma gasosa (sistemas de CO₂ pressurizado);
Em forma de carbono líquido (que será convertido posteriormente em CO₂), mas aqui a concentração disponível ou útil é muito reduzida.
Ou extraído, em último recurso, do bicarbonato da água (KH) por algumas plantas.
A presença de CO₂ no aquário não é apenas “mais um fator” — é o que define o ritmo de crescimento das plantas e a forma como os restantes nutrientes são utilizados.
Se quisermos estabelecer uma hierarquia, o que recomendo para qualquer aquariofilista é:
CO₂
Nitrogénio (NO₃⁻ ou NH₄⁺)
Potássio (K⁺)
Fósforo (PO₄³⁻)
Estes são os pilares da fertilização. Quando há carência de um deles, o crescimento das plantas trava ou temos problemas com algas — mesmo que todos os outros estejam em níveis perfeitos. É aqui que entra a famosa Lei de Liebig, que veremos mais à frente na série.
Saber o que as plantas precisam não é apenas uma questão teórica. É isso que te permite:
Escolher fertilizantes com composição equilibrada;
Interpretar sintomas nas folhas;
Evitar erros comuns como cortar fertilização ao primeiro sinal de algas.
No próximo artigo, vamos aprofundar o papel do CO₂ — como ele age, como as plantas se adaptam, e por que razão mesmo aquários com CO₂ pressurizado podem falhar se não se ajustarem a longo prazo.
Fertilização Líquida: Descomplicar para Dominar
A fertilização líquida continua a ser, para muitos aquariofilistas, um tema rodeado de mitos, ideias feitas e até algum receio. Há quem associe o uso de fertilizantes ao aparecimento de algas, a doenças nos peixes ou até a algo tão técnico e complexo que mais vale nem tentar. Mas será que é mesmo assim?
Neste artigo — que será o primeiro de uma série onde vamos explorar este tema em profundidade — o meu objetivo é desmistificar a fertilização líquida, mostrar-te que não é nenhum "bicho de sete cabeças", e acima de tudo, dar-te ferramentas para conseguires fazer boas escolhas, seja qual for a marca de fertilizante ou o tipo de montagem que tens em casa.
Se estás agora a começar neste mundo maravilhoso dos aquários plantados, este conteúdo vai ajudar-te a ganhar bases sólidas. Se, por outro lado, já és um aquariofilista experiente e tens montagens há vários anos, tenho a certeza que vais encontrar curiosidades técnicas, explicações aprofundadas e uma nova forma de olhar para o tema da fertilização.
Este é um conteúdo que procura o equilíbrio entre simplicidade e profundidade, e que tem como objetivo final ajudar-te a interpretar os sinais do teu aquário para tomares as decisões certas.
Quais são os nutrientes essenciais para o crescimento das plantas e como funcionam.
Como distinguir entre nutrientes orgânicos vs. inorgânicos, e porque isso importa.
Mitos sobre algas e o verdadeiro papel da fertilização no seu controlo.
Como utilizar métodos como o Estimative Index (EI) de forma prática e Lean Dosing mais vocacionado para Aquascaping.
A importância da circulação de água, TPAs, e o equilíbrio entre luz e nutrientes.
Como adaptar a fertilização ao teu objetivo estético — seja um Dutch Style ou um aquascape mais para concurso.
Quero que, depois desta leitura, consigas olhar para qualquer fertilizante — seja da marca X, Y ou Z — e percebas se ele é indicado para o teu tipo de montagem. Mais do que seguir receitas cegas, a ideia é ganhar independência e entendimento, para que consigas fazer as tuas próprias escolhas com confiança.
Vamos começar? No próximo artigo vamos mergulhar no primeiro grande pilar da nutrição das plantas: os nutrientes essenciais e a diferença entre macros e micros.
Olá caros clientes e aquariofilistas!
Começa hoje a série de 13 publicações sobre o Segredo do Aquário Plantado, escrito pelo Ivo Soares.
Tens curiosidade em dominar a fertilização líquida no teu aquário plantado e muito mais?
A Soluções Aquáticas preparou para ti uma série exclusiva de 13 artigos, totalmente gratuitos e semanais, sobre “O Segredo do Aquário Plantado”.
Durante as próximas semanas vais aprender:
- Os princípios da fertilização líquida
- Como manter um aquário equilibrado e vibrante
- Dicas práticas para evitar algas e estimular o crescimento das plantas
- Estratégias usadas pelos melhores no aquascaping
Tudo explicado pelo Ivo Soares: com a experiência da nossa ShowRoom e de muitos anos a ajudar clientes da nossa loja com os seus aquários plantados.
O primeiro artigo já está disponível no blog!
Lê agora em: www.solaqua.net/blog
Deixamos aqui os 13 temas que compõem esta série exclusiva para que possas ter uma ideia do que te espera — conteúdo claro, técnico e útil para qualquer nível de experiência:
Objetivo: desmistificar a fertilização líquida e derrubar mitos.
Público-alvo: iniciantes e experientes.
Abordagem equilibrada e educativa.
Diferença entre macro e micro nutrientes.
O papel do dióxido de carbono (CO₂) como “macro não oficial”.
Importância de conhecer as necessidades básicas das plantas.
Papel do CO₂ no metabolismo da planta.
Enzima Rubisco e adaptação das plantas.
Fontes de carbono: gás, líquidos, KH.
Efeitos do tempo e eficiência na captação de CO₂.
Diferenças entre nitrato inorgânico e carga orgânica.
A toxicidade do amónio vs. segurança do nitrato.
Doses seguras e estratégias para tanques com e sem CO₂.
Funções do potássio no transporte e osmose.
Sintomas de deficiência e plantas com exigências maiores.
ATP e funções essenciais.
Mitos sobre algas e fosfatos.
Interações químicas (ex. com Ferro).
Principais elementos (Fe, Mn, B, Zn, etc.).
Quelantes (EDTA, DTPA, EDDHA): quando e porquê.
Sintomas típicos de carência (ex. clorose nas folhas novas).
Diferenças entre GH, cálcio e magnésio.
Desequilíbrios típicos em águas portuguesas.
Papel do magnésio na fotossíntese.
Não existe uma “resposta certa”: contexto é tudo.
Referências do método EI (Estimative Index e Lean Dosing)
Dificuldades com testes e como interpretar corretamente.
Valores de referência recomendados por tipo de aquário.
Diferenças de objetivos.
Fertilização diária controlada com "All-in-One" vs. EI.
Marcas e abordagens práticas (ex: MasterLine).
Esporos vs. algas visíveis.
Relação entre amónia, luz e proliferação.
Porque parar a fertilização agrava o problema.
Importância da corrente para absorção de nutrientes.
Regra das 10x e estratégias para evitar zonas mortas.
Como a circulação afeta a disponibilidade dos nutrientes.
Subprodutos da fotossíntese.
Carga orgânica vs. excesso de nutrientes.
TDS como indicador e frequência ideal de TPA.
Na vanguarda do aquascaping,
A equipa Soluções Aquáticas
Soluções Aquáticas – Na vanguarda do aquascaping.
A maioria dos aquariofilistas associa a película oleosa (biofilme) ou o aparecimento de algas ao excesso de nutrientes ou desequilíbrios nos níveis de CO₂. Mas será que é mesmo assim tão simples?
Neste artigo vamos tentar descomplicar uma questão complexa: o metabolismo das plantas, o papel do carbono, os resíduos orgânicos e porque é que as trocas de água são vitais num aquário plantado moderno “High Tech”.
Ao aumentarmos a injeção de CO₂ num aquário, aceleramos o metabolismo das plantas. Elas crescem mais depressa, fazem mais fotossíntese e produzem mais substâncias úteis para o seu crescimento. Mas isso também significa mais produção de resíduos metabólicos — como açúcares, proteínas e compostos orgânicos que criam o biofilme à superfície.
Estes compostos e resíduos são frequentemente libertados na coluna de água, especialmente quando a planta está sob stress ou sem acesso equilibrado aos restantes nutrientes.
Como explicado anteriormente em outra publicação deste blog, as plantas funcionam também como filtros biológicos. Elas não armazenam resíduos como "lixo". Reaproveitam compostos úteis — como o amónio (NH₃/NH₄⁺), que é tóxico, mas pode ser transformado em proteínas. No entanto, esse processo depende da disponibilidade de carbono.
Muitos dos fertilizantes utilizados em aquários High Tech contém uma ou várias fontes de amónio, daí estes fertilizantes serem feitos especificamente para aquários com CO2 e luz intensa muitas vezes chamados por nós High Tech.
Se houver carência de carbono (CO₂), a planta não consegue converter o amónio, que se acumula e se torna prejudicial. Outros compostos que são demasiado caros para transformar são simplesmente expulsos para a água. Estas substâncias alimentam bactérias, fungos e algas — e é aqui que os problemas começam.
Num sistema high tech, com luz intensa, CO₂ injetado e fertilização regular, as plantas operam num regime de alta performance. Isso significa:
- Produção acelerada de proteínas e açúcares
- Libertação constante de resíduos orgânicos
- Acumulação de compostos que demoram dias a decompor
Este ciclo pode resultar num ambiente tóxico para as plantas e propício ao desenvolvimento de algas — mesmo que os níveis de fertilizantes estejam sob controlo, se o ecosistema não conseguir lidar com a produção destes sub produtos. É bastante usual termos uma montagem High Tech que ao final de alguns meses onde até então tudo estava perfeito e sem algas começarmos a ter sem motivo aparente um aparecimento de vários tipos de algas e até mais biofilm do que o normal à superficie, nestes casos muito possívelmente o aquário atingiu o seu limite no processamento desdes resíduos orgânicos, e está na altura de entrarmos em acção ou com trocas de água mais frequentes ou com adição de bactérias para decompor lixo e resinas para absorção.
Muitos aquariofilistas focam-se apenas nos níveis de nitratos, fosfatos ou ferro etc etc. Mas ignoram os resíduos orgânicos dissolvidos que:
- Criam biofilmes na superfície.
- Turvam a água.
- Desencadeiam surtos de algas.
- Afetam a saúde das plantas e dos peixes.
O problema raramente está no excesso de nutrientes — está sim no acúmulo de substâncias orgânicas não aproveitadas.
Nos aquários sem CO₂ e com luz moderada:
- As plantas produzem menos resíduos
- Os microrganismos conseguem decompor tudo ao seu ritmo
- A absorção de nutrientes é lenta e eficiente
- A estabilidade é mais fácil de manter
Em aquários high tech, a produção de resíduos por vezes ultrapassa a capacidade de processamento do ecossistema. Por isso, é fundamental usar:
- Resinas como MasterLine Purity ou Seachem Purigen
- Bactérias como Aquavitro Remediation, Seachem Pristine ou Azoo Bio XD
Nestes casos também é boa recomendação simplesmente reduzir o principal fator de metabolismo do nosso aquário, a intensidade da luz.
As TPAs não servem apenas para fazer reset aos níveis de fertilizantes. Elas são essenciais para:
- Remover proteínas, aminoácidos e gorduras dissolvidas
- Reduzir a carga de matéria orgânica antes que esta se decomponha
- Evitar oscilações de oxigénio e picos de amónia
- Prevenir surtos de algas e doenças
Especialmente em tanques com forte iluminação e CO₂ injetado, as mudanças de água devem ser regulares e generosas.
- O verdadeiro vilão é muitas vezes a acumulação de resíduos orgânicos invisíveis, não os nutrientes.
- As plantas expulsam compostos complexos quando o metabolismo está alto.
- A decomposição desses compostos é lenta e pode causar problemas com algas.
- Trocas de água, resinas e bactérias são essenciais para manter um sistema High Tech.
- Cada aquário é único — a biomassa, intensidade de luz e eficiência de absorção variam.
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"Na vanguarda do aquascaping" não é só um slogan. É o nosso compromisso com a qualidade e o conhecimento técnico.
Por Ivo Soares 19/04/2025